-Acho que nunca estive aqui.
-Você nunca quis.
-Talvez isso se deva ao meu hábito de fingir ser invisível às vezes.
-Talvez não.
-É, eu sei.
-Você sabe.
[...]
-Eu não me lembro da última vez em que lhe sorri sem ser obrigado.
-Faz muito tempo.
-Acho que foi naquela vez em que brincamos no Carrossel de um parque abandonado.
-Pode ser que sim.
-Naquele tempo nós éramos fortes, não tínhamos medo de cair.
-E nem de tentar quando fosse preciso haver a segunda vez.
-Ou a segunda chance.
[...]
-Você nada diz.
-Acho que dessa vez não são necessárias tantas palavras.
-Acho que sei o que é isso.
-Não, não sabe. É como se eu soubesse que o céu ainda está por cima de mim, mas ainda assim não me importasse em olhar para o alto.
-E o que você procura?
-Por algo que perdi, mesmo sem jamais ter sido meu.
[...]
-Sinto que a era das incertezas chegou ao fim.
-Pode ser, mas ainda tenho medo.
-Ainda se pode errar, embora não tenhamos mais tanto tempo.
-Disso eu nunca duvidei.
-Então...
-Não sei, diz você.
-Vamos nos levantar e contar as estrelas, hoje a noite não vai acabar.
-Jamais, nem que para isso seja preciso errar mais uma vez.
-Era disso que eu falava, mas agora está estranhamente claro.
-Só nos resta viver.
[...]
-Essa tua ausência é real?
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3 comentários:
esse post entrou para a série "coisas que identifico na minha vida" . ;~
sérião.
Prosa poética ou poesia em prosa? O importante é que está bom. :)
Abraços
curto esses diálogos.
E acho que até já escrevi algo com esse título "Quando éramos fortes" ou algo parecido. Curti mesmo. Depois dá uma passada no meu se quiser, quem sabe tu gosta.
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