atrás dos barcos
há um porto que se veste de tristeza
e toda a gente se embriaga de cachaça
barata
e apostam seus sonhos nas amareladas
cartas de baralho
vê aquele sete de espadas:
ele vale o retorno do filho
que se vendeu ao mar
vê aquele rei de copas:
ele vale a esperança deixada
em algum cabaré sem luz
vê aquele valete de ouros:
ele vale uma vida emprestada
a um infiel
vê aquele cinco de paus:
ele vale uma lágrima na
areia
toda essa gente não sabe,
mas por detrás dos barcos
que precedem o porto
que se veste de tristeza
ha de existir sempre um
horizonte que desemboca
na eternidade
o porto,
as cartas,
os sonhos,
tudo isso irá acabar
menos o fim:
ele há de resistir intacto
à furia das horas,
enclausurado pelo coringa
que a esperta manga de
um velho apostador
deixa cair sobre o cais
daquela cidade.
2011-04-02
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
sempre há um horizonte...
uma salvação aos olhos.
=)
gostei daqui porque tenho, graças
ao divino, um coração ordinário!
bjsmeus
Postar um comentário