2007-12-05

O Barco Amarelo

Só hoje durante meu sagrado café do fim de tarde, servido pra prolongar minha insônia, fui me ater para o fato de que ontem durante nosso breve papo, acabei por esquecer de lhe contar sobre algum de meus planos infundados.

Eles vão soar infantis, mas é que alguns deles tenho desde meus nove anos de idade, quando eu já era a criança sonhadora de hoje. Eu queria ter um barco, construir um barco talvez, traçá-lo de minhas próprias mãos seria mais prazeroso, um barco amarelo, cor de maracujá, todo polido e pronto para adentrar ao mar; mas eu o deixaria na areia em dias nublados, à beira da praia, com os pedaços da chuva que não chegariam a lhe molhar a face.

Talvez seja por isso que eu goste tanto daqueles dias cinzas que faziam durante nossa estada em Buenos Aires, e dos dias cinzas que ainda fazem aqui da janela de meu apartamento: você espera pela tempestade e até se assusta com o som dos raios, talvez consiga sentir o cheiro da chuva, sabe que ela não chegará, mas mesmo assim permanece com a certeza de que ela poderia ter chegado e embebedado toda a sua rua.

Ainda sobre os planos, eu também ando querendo arrumar coragem para sujar as paredes do meu quarto com alguns poemas do Drummond, escrevê-los até no teto se me for preciso, eu olho para os cantos de minha parede e consigo ver os escritos do poeta, talvez coubesse a quadrilha inteira ali, com João, Tereza e Raimundo, e a aurora dos poetas bêbados, e eu dormiria todos os dias ao som das palavras do velho poeta.

Achei tão singelo o postal que você me enviou com o desenho borrado das crianças com fome em alguma rua de Pequim, eu consegui ver amor naquela imagem, ainda que ambaçado de tanta tristeza flagela. Depois de tantos meses imerso em minha cama e afogado em meus livros, eu me senti orgulhoso ao constatar que ainda enxergo leveza onde outros apenas vêem as pedras, mas deixemos este assunto pra uma outra hora.

Na próxima viagem que eu realizar, no próximo lugar estranho em que eu me perder, nas próximas estações em que embarcar, pelas próximas avenidas esgotadas de rodas de carros que eu atravessar apressadamente sem passar as minhas mãos sobre as suas, me lembrarei de te escrever uma carta ou um postal, onde eu anotarei umas mentiras autênticas que lhe confortarão, talvez alguns desenhos que fiz ainda garoto, e um bombom, se eu não tiver preguiça de encontrar o teu sabor predileto.

E me lembre de ter a oportunidade de lhe dizer que após esses anos e meses que nos separaram, eu ainda acho que você precisa de sonhos, aí então eu os desenharei em folha alguma e os deixarei por debaixo da porta do seu quarto.

2007-11-17

Sobre as Palavras e Flores

As palavras já não mais nos pertencem e não somos nós que estamos lá fora, são eles, os outros, que esperam aflitos pela nossa ausência e derramam cegos as mesmas lágrimas que derramamos aqui, mas de olhos e peitos abertos, porque nós sabemos que é preciso sangrar desta vez, e se você cair eu cairei também, não por compaixão, mas por fraqueza.

Já fazem 2 semanas desde o começo da primavera e desta vez nunca nos foi tão preciso ser fortes, nunca nos foi tão cobrado ser ingênuos a ponto de não acreditarmos no fim, e até lá tentaremos escapar daqueles que insistem em manchar os nossos sonhos.

Eu ainda me lembro do tempo em que nossos corpos eram frios, mas não tão frios como agora, nós corríamos pelas ruas repletas de corpos vazios, nós éramos como eles, vazios e fracos, mas éramos felizes e não nos importávamos com a fraqueza que nos era imposta, porque no fundo a gente sabia que haveria tempo para buscar a vicissitude daquilo que havíamos perdido por pura arrogância ou mera brincadeira.


Não sei se você ainda pode me ouvir, ou sentir cada gesto ou som que emana daquilo que relembro, mas eu não me importo com a sua surdez temporária, assim como jamais me importei com a sua mania de se achar invencível e de pensar que a cada instante que não se passava o mundo seria sempre seu, e o tempo pararia para assistir aos nossos abraços ou aos nossos informais encontros, mas o mundo não parou, talvez nem nós tenhamos parado, foi apenas o tempo que se encarregou de pôr nossas vidas em seus indevidos acasos. Os mesmos acasos que me levaram de volta à minha casa tempo depois de nossa ingênua epopéia em busca de promessas que ousamos inventar, na esperança de eternizar as derrotas e maquiar a inevitável queda.


Não sei ao certo se é frio o que me cobre, mas agora eu vejo com uma assustadora clareza, enfim sinto as suas lágrimas, e me junto ao seu derradeiro choro, compartilho contigo de sua surdez, nunca fomos um só, nem fomos bastante corajosos ou despertos o suficiente para enxergarmos o que as ruas escondiam de nossas jovens vistas, nunca fomos capazes de pedir ajuda aos que agora dormem do lado de fora e se conformam com o nosso silêncio que se converte em despedida, e apesar da inocência sempre ter sido presente em nossa jornada, eu lhe vejo esboçar um sorriso por acreditar que após tanta dor e cansaço, me é chegado o alívio destinado aos que emergem ao infindo sono que nem a música será capaz de tirar.

Sim, agora eu lhe vejo, todas as suas formas, mesmo que una, mesmo sem cor, ainda lhe enxergo à minha frente, não sou mais eu quem está aí a relembrar as nossas histórias, não sou mais eu a ouvir o pranto contido dos que adormecem do lado de fora, me vejo no lugar que era seu, a princípio me assusto, mas é tão repentino, desta vez após tanto tempo, o mundo me parece mais vívido, eu posso alcançar todos os ceús, todos os chãos, mesmo aqui estando imóvel, paralisado, a contemplar o choro de quem comigo esteve durante a minha escassa passagem pelas avenidas que a essa hora ainda permanecem cobertas de neblina e silêncio.

Ainda é primavera, apesar do frio que sinto, ainda há vida apesar do corpo que não é mais meu, sim, posso enfim abrir os olhos e aguardar pela minha vitória, e buscar as flores que enterrei em algum jardim quando ainda era um menino.

2007-10-02

A Gaita

Perto daquela estrada surrada, coberta de areia, um coroa toca uma triste melodia em sua gaita americana, e é neste momento que eu passo ao seu lado, com meu cigarro em boca, vestindo minha jaqueta desbotada e pensando no que eu iria dizer aos meus velhos amigos, assim que finalmente pudesse revê-los após tantas primaveras jogadas no lixo.

E aquele coroa parece disfarçar um riso, e eu fico pesando como é que um sujeito já em fim de vida, ainda encontra um motivo pra esboçar um sorriso desdentado, e ele me olha, parece querer demonstrar que eu sou a pior coisa que ele vê em anos, e tudo nesse instante me parece tão patético, que eu lhe devolvo a risada escondida.

Há um vira-lata sarnento deitado sobre os seus pés, e a impressão que me passa é a de que um nada seria sem o outro, o coroa e o cachorro, o coroa e sua gaita que toca a triste música, e o andarilho com o cigarro, que caminha trôpego pela estrada, que o velho parece conhecer tão bem.

E eu me dou conta, que a noite já veio, e me pergunto sobre quanto tempo eu me encontro ali em frente ao sujeito e seu cachorro sarnento, e vejo que me parece muito árdua esta parte de minha andança, talvez me seja necessário parar.O sujeitinho me olha de cima a baixo, tira a gaita de sua boca, pega uma pequena garrafa de rum, antes escondida em seu bolso, bebe três pequenos goles, e põe a garrafa de volta ao seu bolso, neste instante eu percebo que ele parece me desafiar.

Eu atiro meu cigarro ao chão, piso por cima dele, olhando sempre bem na cara daquele homem, pego meu lenço, seco meu rosto suado e o guardo em meu bolso de trás, junto com a carteira; o coroa observa tudo com assustador ar de menosprezo, e mais uma vez disfarça uma risada.Eu pego mais um cigarro, acendo, dou três tragadas, e o jogo em direção ao vira-lata, que parece acordar, mas nada faz...deve ser só um cachorro velho e cego, eu penso, e volto a caminhar.

Olho para trás, e vejo que o coroa está com o meu cigarro na boca, e o cachorro já deu alguns passos em outra direção, eu paro novamente, espero o velho pegar a sua gaita, ele começa de novo a tocar uma triste música, usando a batida dos pés como percussão.Ao fim da música, ele me sorri escandalosamente, orgulhoso de seu talento, e eu lhe jogo a minha última moeda, em sinal de reconhecimento,sim, agora nós já somos quase amigos.

E vou embora, assoviando alguns versos de Bob Dylan, disposto finalmente a dar um abraço em caras que há tanto tempo eu havia abandonado, era chegada a hora de abandonar as estradas e voltar para casa, caminhar perdido ao som da melodia de um banguela; enfim as coisas pareciam voltar a ter o seu glamour, e o idiota vencia mais uma vez.

"Because something is happening here
But you don't know what it is
Do you, Mister Jones?"

2007-09-10

Outonal

Escrevo sobre as ruas enlamaçadas
que escondem os versos
que ali enterrei,

escrevo sobre este tempo imprevisto
e soturno
que me serve de lar,

recito as notas e cantos,
me curvo ante as semanas,
me ilumino perto das vigas
que erguem pontes e derrubam
corpos,

escrevo sobre as igrejas,
vazias e alagadas,
que sepultam a fé,

escrevo sobre as varandas,
que se banham de folhas,
deste outono pungente,

ouço a brisa que corta
as árvores,
a sinfonia silvestre que exala
dos campos,
a mágica serena que rodeia
o luar,

e me calo,
perante os faróis
que derramam ruídos
sobre a velha cidade.

2007-06-30

Conforto

Naqueles dias, eu era açoitado violentamente por uma noite alva, mas ao mesmo tempo suja, que refletia seu denso brilho sobre minha pele trêmula, enquanto se ouvia a minha voz perder-se por entre ecos e sons nunca antes sentidos por mim ou por todos aqueles que estiveram comigo em minha breve passagem por todos estes caminhos tortos e becos estreitos.

Eu sentia também as flores por debaixo de meus pés, sentia meus dedos sangrarem, mas não era apenas dor, ou talvez nem fosse dor, era medo...medo do desconhecido, havia um temor por não saber ao certo, quem eu era ou o que eu queria, ou ainda o que seria de mim após aquele tempo tão fugaz e frio.

Talvez não houvesse música, ou fosse apenas a minha total inércia perante ao que havia por perto de mim, mas eu sabia que estavam todos tão longe, e que tinha sido eu a afastá-los de mim, o que de fato não contribuía para abrandar a minha sede, ou a minha sensação de completo vazio.

Em alguns momentos, eu tinha a impressão de ouvir passos pesados em direção à minha velha porta, mas durava pouco; era o suficiente para eu até ensaiar um falso alívio por acreditar que de certa maneira, tudo fazia sentido, e que por mais que eu me esforçasse em esquecer das vezes em que eu estive prestes a sorrir, as lembranças retornavam, e eu me recolhia à espera de um conforto.


Eu buscava a direção, queria encontrar uma diretriz... um espaço claro em meio à toda aquela negra neblina imposta a mim.Eu já estava atordoado de tentar achar as respostas, me contentaria em descobrir as perguntas que haviam me roubado, ou ficaria contente por finalmente calar-me, e sentado em meu chão, esperar pelas tardes que haveriam de retornar.

Eu era cego, mas não sabia.

2007-05-26

Ensaio sobre o Fim

agoniza o menino,
perante a platéia sedenta
que gargalha histericamente,
jogando tomates sobre o seu cadáver

e há alguns minutos atrás,
este mesmo menino brincava de pique-pega,
e gozava a sua breve juventude

os paralelepípedos frios,
lhe servem de cobertor
nesta noite lúgubre

o sereno toca os seus braços
miúdos

a sua agonia é o meu poema,
desgraça que me faço,

cena mal ensaiada
de um elenco cretino,

ensaio sobre o fim.

2007-05-17

Escuro dos Dias

Nós nunca estivemos presos,
mas desde cedo tivemos medo da liberdade.

Nem nunca estivemos sozinhos,
mas desde sempre tememos a solidão.

E a gente se silencia,
por tentar saber porquê é tão
difícil,
se ver livre das horas,
livre do tempo.

Se deixar jogar ao escuro dos dias.

Nós nunca estivemos tão perdidos,
a ponto de não sabermos o caminho
de casa,
mas falhamos mesmo assim.

Nós jogamos as chaves pelas janelas,
mesmo sabendo que
as portas jamais estiveram trancadas.

Mesmo sabendo
que havia espelhos pelos corredores,
embora a luz já estivesse acesa.

2007-04-30

De nossas escolhas

Eu te chamo pra entrar naquele quarto, sentar ao meu lado naquela cama, e você com sua cara de desentendida, me pede pra lhe contar pela enésima vez a piada do monge tibetano.Sou péssimo pra anedotas, mas eu conto mais uma vez, e você gargalha feito uma criança, se revira na cama, dá palmadas sobre as próprias pernas e de repente pára, e me olha de cima a baixo.

Desvio o olhar, e você já sabia que eu o faria, o que lhe obriga a forçar um riso de canto na boca, no melhor estilo 'sou esperta', então eu acendo meu cigarro, já é meu 2° maço do dia, caminho à minha janela e por lá fico. Você me lembra das contas, reclama do estrago sonoro feito pela festa no apartamento do vizinho uma noite antes, e eu finjo que ouço tudo com muita atenção.

É quase automático, vamos os dois à cozinha, e rimos de nossa cerveja quente, rimos também da água que faltou, e ensaiamos uma pequena discussão sobre o cinema francês, e François Truffaut e etc e tal, mas aí ela me vem com Fellini, baixa a minha bola, e eu me perco mais uma vez.

As malas estão prontas, arrumei com calma, não foi preciso pressa, você zomba da minha mania por perfeição e eu devolvo, implicando com o seu costumeiro relaxamento. Mas eu te prefiro sem maquiagem, as marcas do seu rosto me soam mais humanas, os seus lábios secos parecem mais vivos sem um batom cor de sangue a adorná-los.

Eu lhe digo que você fica mais linda quando está triste, e você me olha meio assustada, como uma criança que se depara com um palhaço a primeira vez, e não sabe se deve rir ou temê-lo. A gente se abraça quente, elogio seu perfume, e me sento ao sofá, dou uma lida no jornal de ontem, e penso comigo que não faz diferença mesmo se é de ontem ou de hoje, porque tudo continua muito igual, as coisas sempre caminham da mesma forma.

Você se senta elegantemente à minha frente, com uma xícara em punhos e diz "Pode tomar o seu café, eu não me importo." E nós sorrimos timidamente.

É a nossa primeira despedida.

2007-04-21

Poltrona 45

Sejamos breves, neste tempo que não nos resta e nestes dias que não são nossos, vamos tentar fazer de nosso encontro uma mera casualidade romântica, bobo assim mesmo, sem pestanejar muito, sem dramas insólitos ou discussões bestas...é assim:
eu gosto de você e pronto, tá?

Eu poderia lhe dizer que você fala demais sobre o tempo, mas nós conversamos tão pouco sobre isso, eu prefiro escolher pelo que fica nas entrelinhas, embora nem sempre eu confie no que sinto.É que às vezes é mais fácil sorrir quando se fecha os olhos, fingir que não há medo para as respostas que buscamos às nossas perguntas, contentar-se com o que nos é dado.
Eu venho tendo uma certa dificuldade em lhe dizer muito do que eu realmente gostaria, me falta ar pra concretizar alguns planos, mas há um pingo de orgulho nisso também, uma vontade implícita de ter meu olhar decifrado, meu desejo descoberto, e eu às vezes
acho que você nem se importa, mas não foi mesmo isso que eu ouvi?
Talvez a dor tenha passado, e eu sei que vou rir disso tudo algum dia, mas por ora eu quero me sentar em meu sofá, ler o livro que você me emprestou, tomar minha Coca e acreditar que vale a pena investir nessa ilusão.Me deixa viver essa mentira, imaginar dias que não chegarão,inventar sentimentos; eu mereço uma resposta na forma de abraço, mereço essa tua revolta pueril que tanto me diverte, e eu sei que escrevo sabendo que não faço o meu melhor, e nem isso me importa mais, desde que eu lhe tenha ao meu lado, balbuciando bobeiras sensatas em meus ouvidos, cantando ebriamente essas músicas estranhas que nós tanto escutamos.

Você é só uma menina, e no entanto carrega o peso do mundo nas tuas costas, eu quero cuidar dessa dor, compartilhar contigo dessa atroz agonia, sem me importar em estar sem rumo, sem me esquecer do teu sorriso angustiante, e estar aliviado por saber que tudo podia ter sido apenas um mero engano, quando na verdade, eu estive ao seu lado todas as vezes em que você tentou em vão, fugir de mim.

Não é preciso chorar,
eu te espero mais uma vez.

2007-04-04

Em Setembro

O tempo que precede a nossa ausência,
é o mesmo tempo
que presencia o nosso entardecer.

Mas não sejamos fracos,
mesmo que a esta hora da tarde
a vida já tenha passado livre
aos nossos olhos,

pintemos os nossos lares,
enfeitemos as nossas varandas
e ruas
e avenidas,

e não vamos temer aos nossos inimigos,
não vamos desbotar as nossas lembranças,

e nem a própria felicidade será capaz
de nos fazer chorar.

2007-03-17

Resposta aos Cegos

Correm aqueles, correm de quem?
-Fogem do medo, fogem do tempo, encontram
abrigos.

Matam aos outros, matam porquê?
-Eles eram heróis, perfeitos ainda, bradam por
alma.

Bailam as moças, bailam até quando?
-Esperam as promessas, contos de fadas, inventam
fantasias.

Não temos respostas e nem vemos estradas, para onde
seguimos?
-Apenas sonhamos.

2007-02-12

Quarto

Meu mundo é um quarto
em construção,
com um armário quebrado
e alguns brinquedos ao fundo.

E uma cama furada,
de lençóis azul turquesa,
onde meus pés afundam lentamente.

Meu teto é mofado e minha janela
tem os vidros sujos de graxa.

Em cima da cama furada,
uma criança sorri.

2007-01-21

Tudo acaba em festa

Ei cara, cê tá me escutando??? Então beleza, é o seguinte, você não precisa dançar conforme a música, dance independentemente da música que tocar, dance até sem música, baile insanamente ao inebriante berro do silêncio, dê piruetas ao som das folhas que estalam de seus velhos livros.

Pule, grite, bata, rode...esteja vivo, sinta-se vivo! Feche os olhos, imagine-se sei lá, dentro de um elevador em chamas, é cara...um elevador em chamas e você ali dentro, gargalhando impiedosamente de tudo aquilo, rindo feito uma criança, sonhando,sonhando,sonhando...

É a loucura, entende? Não é o medo que te guiará por algum lugar, são seus instintos, esqueça tudo...o carro, as contas, as roupas, a mulher, esqueça a civilização, e corra freneticamente, fuja de suas angústias, vá de encontro ao gozo, a sua recompensa, a ágape, o paraíso talvez.

Depois abra os olhos,e continue dançando, dançando,dançando...

Então feche as portas e as janelas de sua casa, chame os seus amigos, contrate umas garotas e aguardemos todos pelo fim do mundo.

uhú!

2007-01-07

Cantigas

Aonde estão as crianças
que há pouco tempo atrás,
brincavam em rodas e
se divertiam em cantigas?

-O tempo as calou, a sorte as deixou
e a roda acabou.